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Luiza Mahin, líder da Revolta dos Malês, terá júri popular após 181 anos

A Defensoria Pública do Estado da Bahia lança a série “Júri Simulado – releitura do Direito na História”, com a proposta de garantir o resgate dos direitos de personagens da história popular que, à época, não puderam exercer a prerrogativa de todo acusado: o contraditório e a ampla defesa efetiva.

011216_luiza-mahin-01O primeiro evento terá como destaque Luiza Mahin, líder da Revolta dos Malês, que será levada a júri popular, precedendo uma série de julgamentos de personagens históricos tanto para a Bahia e quanto para o Brasil. O júri acontecerá no auditório da UNEB, bairro do Cabula, em Salvador, no dia 23 de novembro, às 8h30. Os jurados serão sorteados entre os presentes.

“O júri popular de Luiza Mahin, após 181 anos da Revolta dos Malês, é parte da nossa luta pela reparação histórica do povo negro, pois só assim vamos acabar com a herança maldita deixada por 380 anos de escravidão e pela diáspora africana”, afirma Keila Fernanda, da Secretaria de Negras e Negros do PSTU Bahia.

Mulheres Negras

Luiza Mahin foi uma negra guerreira que teve importante papel na Revolta dos Malês. Mãe de Luis Gama, poeta e abolicionista, Mahin é um exemplo de que as mulheres negras sempre estiveram na linha de frente das lutas. Aqualtune, Acotinere, Dandara, Tereza de Bengala e tantas outras mostram o papel central que as mulheres negras tiveram na organização dos quilombos e revoltas negras.

“As mulheres negras nunca param de lutar. Foi assim no passado, segue sendo no presente. Estamos na linha de frente na luta contra o extermínio da juventude negra; somos voz ativa na luta contra o latifúndio e na defesa da demarcação das terras indígenas e quilombolas; estamos nas ocupações das escolas e universidades em defesa da educação pública de qualidade e contra a PEC 55; organizamos nossos coletivos que buscam valorizar a nossa identidade e ancestralidade africana. A nossa história é de luta e resistência, é a história de Mahin, de Dandara e todas as mulheres negras que se levantaram contra a opressão e a exploração”, disse Keila Fernanda.

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Intifada Negra

Muitas vezes apontada como uma rebelião de caráter puramente religiosa, a Revolta, na verdade, foi muito mais complexa. Como lembra João José Reis, autor Rebelião Escrava no Brasil: a história do levante dos malês em 1835, em uma entrevista publicada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), “com o risco do anacronismo, diria que a revolta estava mais para Intifada do que para Jihad, embora a guerra santa tenha sempre algum lugar no coração de um muçulmano que se rebela”.

Além disso, o processo só pode ser entendido dentro do quadro de rebeliões negras que sacudiam a Bahia, desde o início do século em sucessivos levantes (1807, 1809, 1813, 1826, 1828 e 1830), envolvendo as mais diversas etnias e grupos. Em relação à predominância dos malês, favorecida pelos aspectos mencionados acima, também é importante lembrar que vários documentos apontam para o fato de que eles viam os demais negros como aliados em potencial.

Acima de tudo, apesar de derrotada, a revolta serviu como inspiração fundamental para as lutas contra a escravidão, não só pelo exemplo que forneceu, mas também pelo envolvimento de muitos de seus líderes e participantes, como Luiza Mahin. Uma lição que para nós, da Secretaria de Negros e Negras do PSTU, continua viva na necessidade de travar uma luta sem tréguas contra o racismo, toda forma de intolerância e, particularmente, contra o sistema que alimenta estas práticas. O colonial, no passado; o capitalista, na atualidade.

 

Por Secretaria de Negras e Negros – PSTU Bahia
Fonte: pstu.org.br

 

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