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A política racista de Trump que separa e prende famílias que migram em busca de dignidade

Criança que vinha com a mãe de Honduras é detida pela polícia | Foto: John Moore/Getty Images

Uma menina de dois anos chora ao ter que sair do colo da mãe e ser colocada no chão, enquanto a policial de fronteira faz a revista e checa os documentos da migrante que vinha de Honduras. A foto que registra o momento, capturada pelo fotógrafo John Moore, se tornou uma das imagens mais impactantes da atual situação migratória na fronteira com os Estados Unidos, depois que Trump endureceu as regras para entrada no país aos que buscam refúgio.

A chamada política de “tolerância zero” de Trump separou mais de duas mil crianças de suas famílias, desse número, segundo informação dada pelo cônsul-geral adjunto do Brasil em Houston, Felipe Santarosa, 49 delas são brasileiras.

A informação ainda é vaga, com pouco detalhamento, nome ou localização exata dos menores. Mesmo após a confirmação de crianças brasileiras vivendo em tal situação, o governo Temer não deu nenhuma declaração a respeito.

Violação dos direitos humanos – Os menores separados das famílias são mantidos em gaiolas, dormem aos montes em colchonetes com mantas térmicas de alumínio.  Vídeos e fotos desses campos de migrantes circularam nos veículos de comunicação e na internet nessa semana e chocaram o mundo. Para a população norte-americana esta é mais uma das políticas racistas de Trump.

Uma pesquisa realizada pela Gallup revela que 75% da população acredita que a migração é boa para o país, e apenas 19% não considera de maneira positiva. Na quarta-feira (20), Trump assinou uma ordem executiva que altera as medidas contra os migrantes, mas que não resolve, do ponto de vista cidadão e humanitário, o problema de migração.

A partir dessa recente ordem, quem atravessar a fronteira será detido da mesma forma e crianças não serão separadas de seus responsáveis. As condições de detenção para essas pessoas, nem mesmo o tempo de prisão, no entanto, não foram explicadas, e a medida não tem valor retroativo. Por isso, além de não definir o destino dos futuros migrantes, ainda fica a dúvida do que farão com as milhares de crianças detidas até o momento, sem qualquer tipo de comunicação com os familiares que respondem pelo crime federal no país.

A ordem diz que as “autoridades continuarão processando criminalmente todos que cruzarem a fronteira ilegalmente, mas procurarão encontrar ou construir instalações que possam manter famílias – pais e filhos juntos – em vez de separá-las enquanto suas casos são considerados pelos tribunais ”.

Crianças sofrem sem comunicação com seus familiares em centros para migrantes | Foto: John Moore / Getty Images

O advogado norte-americano e ativista de direitos humanos, Dan Canon tem defendido o fim da polícia de imigração, a chamada ICE. Ele diz que as pessoas não têm ideia dos problemas que esse setor policial possui. “A ICE, da maneira que existe hoje, é uma agência dedicada somente a, de modo sistemático e cruel, destruir famílias. Eles falam sobre e tratam seres humanos como animais. Eles invadem apartamentos ou locais de trabalho e levam as pessoas a milhas de distância de seus companheiros e suas crianças”, relatou ao jornal The Nation.

A política migratória de Trump faz com que  pais escutem os filhos na sala ao lado chorando e gritando por eles.  Um caso dramático noticiado pelo jornal Washington Post traz a história de Marco Antonio Muñoz, de 39 anos, detido na cidade de Granjeno, no Texas, quando foi separado da mulher e de seu filho de 3 anos. Em custódia, como último ato de desespero, Marco tirou a própria vida. O caso tem sido abafado, mas a imprensa norte-americana tem noticiado a respeito e trazido à tona o quanto pode ser destrutivo para as famílias essa separação tão cruel.

Nenhum ser humano é ilegal – O termo imigrante ilegal, por si só, não deveria, por qualquer governo no mundo, ser considerado. Entender a migração como um direito das pessoas de ir e vir consta na Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948): “Toda pessoa tem direito a circular livremente e a escolher residência no território de um Estado. Toda pessoa tem seu direito a sair de qualquer país, inclusive o seu, e regressar ao seu país”. Portanto, migrar para onde haja condições melhores de vida deveria ser um direito garantido pelo Estado.

Mas o que Trump tenta implementar agora é justamente parte de sua promessa de campanha eleitoral. Nesta quinta (21) o Congresso iniciou discussões sobre a aprovação de dois projetos de reforma migratória, e o presidente ainda busca apoio para a votação do orçamento para a construção do muro na fronteira com o México.

Em outubro do ano passado, durante o 1º Encontro da Rede da Classe Trabalhadora das Américas, a CSP-Conlutas organizou um painel sobre a “América Latina contra o imperialismo e o governo Trump”. Presente na atividade, o dirigente da CNTE do México (Coordenação Nacional de Trabalhadores em Educação) Francisco Bravo, salientou que o endurecimento de leis e o aumento do racismo no país já vem de um processo longo e histórico, resgatando os problemas da gestão de Barack Obama.

Segundo ele, o povo se mostrou esperançoso em Obama por ser um presidente negro. “As expectativas não foram atendidas e a resposta a isso foi a chegada de Trump. Em outros tempos, racionalmente, era impensável a chegada de alguém como ele ao poder. Mas isso foi possível”, avaliou. O dirigente não deixou de comentar a respeito das relações entre México e Estados Unidos, relembrando o Tratado de Livre Comércio da América do Norte, em vigor desde 1994, e a submissão total do governo aos EUA.

Política da barbárie – Essas verdadeiras prisões privadas são administradas pela ONG Southwest Key, que se diz humanitária, mas adota padrões rígidos de relacionamento entre funcionários e crianças, proibindo qualquer vínculo mais próximo e, ainda é, conhecidamente, parte de uma indústria bilionária que financia o presidente e que já recebeu mais de um bilhão de dólares em repasses federais.

Nesse cenário, a crise migratória não será dos interesses dos governos uma vez que estão todos a serviço do capital e do imperialismo. “Há anos os trabalhadores americanos e o mundo repudiam as políticas dos diversos governos norte-americanos de repressão e perseguição aos imigrantes. E com essa política de detenção e separação de crianças, Trump demonstra a face mais cruel e bárbara do capitalismo”, destaca Herbert Claros, membro do setorial Internacional da CSP-Conlutas.

A CSP-Conlutas realizou recentemente uma caravana a Roraima de apoio aos refugiados venezuelanos, e segue em campanha permanente pelo direito de migrar a todos os povos que buscam melhores condições de vida. Total solidariedade às centenas de famílias que vivem o terror da separação de seus entes queridos e em situação de vulnerabilidade. Migrar não é crime. Migrar é um direito!

 

Fonte: CSPConlutas

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